Carvão vegetal

Carvão vegetal é obtido através da queima ou carbonização da madeira ou da lenha. O processo de carbonização pode ser esquematizado em 4 fases:

- Secagem da madeira, com a vaporização da água absorvida pela madeira. A faixa de temperatura na secagem vai de 110 a 200 ºC. O calor necessário para manter a temperatura adequada provém da queima de parte da madeira, seja na própria câmara de carbonização, nos fornos de carbonização mais rudimentares ou em fornos evoluídos.

- Pré-carbonização, que se dá no intervalo entre 180-200 ºC e 250-300 ºC, fase ainda endotérmica (com absorção de calor).

- Carbonização, reação rápida e exotérmica (com eliminação de calor), iniciada entre 250 e 300 ºC, na qual parte da madeira é carbonizada.

- Carbonização final, a temperatura superior a 300 ºC, com a formação da maior parte do carvão.

As propriedades do carvão vegetal dependem: da composição e da estrutura da madeira, da umidade, das dimensões da tora, da temperatura de carbonização, da taxa de aquecimento no forno e de vários outros fatores menos relevantes. O modelo mais simples de forno é uma construção de alvenaria com a forma de colméia, com orifícios de entrada de ar. O processo de carbonização completo, do carregamento do forno a retirada do carvão, dura cerca de 8 dias.

No cotidiano o carvão vegetal é utilizado como combustível de aquecedores, lareira, churrasqueiras e fogões a lenha, além de abastecer alguns setores industriais, como as siderúrgicas.

O carvão vegetal fitoterápico (carvão ativado) provém de certas madeiras moles e não resinosas (extraído de partes lenhosas, cascas e serragens), é obtido por combustão incompleta, o que lhe confere a capacidade adsorvente. Estudos químicos detectaram uma redução significativa na produção de gases intestinais nos pacientes tratados com o carvão ativado, eliminando os desconfortos abdominais. Ele é um excelente condutor de oxigênio, podendo eliminar as toxinas do corpo. Devido a sua rápida ação, o carvão vegetal é considerado um útil agente no tratamento de envenenamentos, reduzindo rapidamente a absorção do veneno. O carvão vegetal tem a propriedade de adsorver substâncias que, em contato com bactérias intestinais, contribuem para a produção de flatulência. Diante dos resultados de estudos, o uso do carvão vegetal é indicado em casos de dores no estômago, mau hálito, aftas, gases intestinais, diarréias infecciosas, disenteria hepática e intoxicações.

Apesar dos benefícios apresentados com a utilização do carvão vegetal é preciso refletir sobre as consequências que sua produção provoca. No setor social, existem adultos, e até crianças, que trabalham nas carvoarias em condições, na maioria das vezes, precárias de trabalho e baixíssimos salários, e às vezes, sob escravidão. Outro fator é o ambiental, pois para a produção do carvão vegetal é preciso retirar a cobertura vegetal de importantes composições vegetativas contidas no território brasileiro, e muitas vezes não são oriundas de madeiras de reflorestamento ou madeira cultivada para esse fim. Pesquisas revelam que aproximadamente 78% do carvão produzido no Brasil é de origem de vegetação nativa, o que causa um enorme prejuízo ambiental.